EUA, França e Brasil são os países que mais realizam pesquisas com o medicamento
A cloroquina e seu derivado, a hidroxicloroquina, são as drogas mais estudadas em pacientes acometidos pela doença causada pelo novo coronavírus no mundo. Um em cada três testes em humanos experimentam a cloroquina -e o Brasil está entre os países com a maior quantidade dessas pesquisas.
Na prática, a ciência busca drogas já existentes no mercado para doenças novas porque o desenvolvimento de princípios ativos leva muito tempo. Para a Covid-19, há registro de 475 estudos com diferentes fármacos em pacientes. Desses, 145 pesquisam cloroquina ou hidroxicloroquina -usadas originalmente para tratar malária.
Para se ter uma ideia do que isso significa, a segunda droga mais testada para Covid-19 no mundo, o antibiótico azitromicina, integra 45 experimentos com pessoas.
Essas informações estão na base internacional Clinical Trials, que agrega dados sobre testes de medicamentos em pacientes globalmente -como local, quantas pessoas serão pesquisadas, duração do experimento e metodologia.
Ao todo, 35 países já registraram pesquisas clínicas com cloroquina contra Covid-19. Quem lidera a lista são os Estados Unidos, com cerca de um terço desses testes (há 45 pesquisas com cloroquina em pacientes de Covid-19 em andamento no país).
As pesquisas com o antimalárico ganharam fôlego nos EUA a partir de 19 de março, quando o presidente daquele país, Donald Trump, disse que a droga tinha potencial para “virar o jogo” da pandemia. Na ocasião, havia apenas um registro de teste dessa droga contra Covid-19 nos EUA, realizado no dia anterior.
Entre os dez países com mais estudos clínicos com cloroquina, o Brasil tem o maior percentual de participação da droga no total de fármacos investigados. Há 12 testes de drogas em andamento contra Covid-19 por aqui. Mais da metade (sete) experimentam o antimalárico com 2.820 pacientes.
O primeiro deles foi registrado em 23 de março, quatro dia após o discurso de Trump e dois dias depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandar o Exército brasileiro intensificar a produção de cloroquina.
Em números absolutos, além dos EUA, que lideram, o Brasil só perde em quantidade de testes de cloroquina com pacientes para a França, que registra 16 experimentos.
Também estão em testes com pacientes brasileiros de Covid-19 o metotrexato (usado para tratamento de câncer, só tem sido testada no Brasil), o antiviral galidesivir, o corticosteroide dexametasona, metilprednisolona (usado, por exemplo, como coadjuvante para artrite) e o vermífugo nitazoxanida, cujos bons resultados em células foram anunciados com entusiasmo pelo ministro Marcos Pontes (Ciência).
Não há registro, no Brasil, de pesquisas clínicas com o antiviral remdesivir, que recebeu na sexta-feira (1º) autorização emergencial do FDA para uso clínico para Covid-19 sob argumento de que pode acelerar a recuperação dos pacientes.
A droga aparece em apenas 3% dos experimentos com pacientes globalmente. Um terço dos testes tem sido feito em associação com a cloroquina e seu derivado.
*Folhapress
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